O conflito militar de 7 de Junho de 1998, para além de ter danificado muitas infra-estruturas escolares, veio aumentar a debilidade do sistema de ensino. Esta debilidade foi agravada pela falta de pagamento de salários, havendo inclusive um ano lectivo anulado, em 2001/2002.
No ano lectivo 2006/2007, por ocasião da queda do governo constitucional, os professores foram afectados pelo aumento de carga horária, às ordens do Ministério da Educação Nacional e Ensino Superior e com apoio sindical. A medida seria, alegadamente, para poder afastar os professores que trabalhavam em regime de contratação. Mas, na verdade, esta situação veio complicar a saúde dos professores, que esforçam a voz durante muitas horas em salas sem portas nem janelas, inapropriadas portanto para optimizar o som e a atenção dos alunos. Para além disto, muitos professores tiveram que preencher horários de dois turnos para satisfazerem a carga horária exigida, facto que teve consequências negativas também ao nível do tempo disponível para preparação das aulas e avaliação.
Já este ano lectivo, em 2008/2009, para além de as aulas terem tido início com 3 meses de atraso, a partir das festas do Carnaval temos assistido a paralisações constantes, devido aos casos de 1 e 2 de Março (as mortes do Chefe Maior General das Forças Armadas, Tagmé Na Waié, e do Presidente, “Nino” Vieira). Para além destes casos, assistimos, mais recentemente, às paralisações promovidas pelos professores dos quatros maiores liceus do país, devido à falta de pagamento dos salários. Agora pergunto: será que o governo não deveria ter a coragem de dar como nulo este ano lectivo? Qual é a “engenharia” a que vão recorrer desta vez para salvar o ano?
Parece-me que devemos ter a coragem de parar para pensarmos no que é que queremos para a educação dos nossos jovens e em especial para o sector do ensino.
Por: Cirilo dos Santos (professor de Filosofia)
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