segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

As dificuldades do nosso Liceu


Foto 1: Of.LP do Liceu Dr. Rui Barcelos da Cunha
Foto 2: Recreio do Liceu Dr. Rui B. Cunha
Foto3: Casa de banho do Liceu
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Problemas estruturais e necessidade de empenho na mudança
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Assim que passamos a entrada do Liceu Dr. Rui Barcelos da Cunha, em Bissau, deparamo-nos com um cenário duplo. Por um lado, temos a sombra das grandes mangueiras, que convidam a sentar e a refrescar um pouco. Por outro lado, encontramos o lixo esvoaçando entre as barracas e a poeira do recinto. Antes de nos sentarmos à sombra, pressionamos a única torneira que serve água à comunidade escolar, mas não vale a pena querer mais do que um fiozinho morno. Depois, assim que descansamos do calor, podemos fixar a direcção da nossa sala de aula. Quando entramos na sala de aula, procuramos um lugar, mas nem sempre há bancos suficientes, pois muitos estão danificados. Lá nos contentamos com o canto de um banco, vigiando para que a roupa não se estrague num prego solto. Ao mesmo tempo, esforçamo-nos por ouvir o professor, apesar do barulho da rua. Esforçamo-nos também por ver, no quadro velho, a matéria apresentada na escuridão.
As barracas que servem de sala a muitas turmas estão em péssimas condições, sem portas e sem janelas, com os telhados prestes a cair, o chão com buracos, paredes escritas, bancos estragados. Com a época das chuvas, estas condições agravam-se, impossibilitando o decorrer normal das aulas. Já para não falar na falta de iluminação ao longo de todo o ano, que chega a impedir o funcionamento da primeira aula do 1º Turno, a última aula do 3º Turno, bem como as aulas do Curso Nocturno.
Se quisermos ir à (única) casa de banho disponível, o desencanto agrava-se: não há limpeza, o cheiro é insuportável, há muita água no chão, as sanitas e lavatórios estão danificados e as portas não têm fechadura. Temos mais duas casas de banho, mas uma geralmente está fechada e a outra serve de armazém. O aluno Fernando Tchuda (11ªclasse) relembra que “deveria ter direito a usar as casas de banho, já que são um património que [lhe] pertence como aluno”, esperando que entretanto as condições de uso se tornem mais favoráveis.
No que respeita à higiene do recinto, as condições também não são as melhores, já que quatro dos cinco caixotes do lixo estão sem fundo, acabando o lixo por ficar no chão. Nas salas de aula também não há caixotes. Claro que, tal como diz o aluno Belisário Imbali (11ª classe), “esta situação tem que ser resolvida pela direcção da escola mas também com a colaboração dos próprios alunos”.
Não basta arranjar mais recipientes, os próprios alunos têm que colocar o lixo no sítio certo e manter a escola limpa e em boas condições.
As condições das infra-estruturas são desmotivantes, mas muitos professores e alunos continuam a acreditar e a lutar por uma educação melhor. Todavia, temos a Oficina em Língua Portuguesa, onde podemos encontrar livros, jornais, revistas, cursos, passatempos, actividades, apoio pedagógico, etc. Assim é possível aumentar os nossos conhecimentos e satisfazer a nossa curiosidade em relação a muita coisa sobre ciência, sobre línguas, sobre o mundo, sobre o passado… Infelizmente, no mundo sempre existiu o mal e o bem e a oficina acabou por sofrer alguns assaltos. Foi bom saber que a direcção tomou medidas de prevenção em relação a esse aspecto.
As dificuldades da nossa escola são muitas e é preciso um esforço de todos para que possamos viver num espaço mais agradável, que garanta as condições básicas de higiene e segurança que convêm a uma instituição. Sabemos que numa primeira fase é necessário um investimento significativo, e esperamos que seja feito, dada a urgência. Mas é preciso evidenciar que todos somos responsáveis pelos nossos actos. Preservar o património escolar, sem destruir os materiais ou sujar o recinto e as salas, são aspectos que podem e devem começar hoje.

Dércio Hermenegildo Gomes; Laurindo Pascoal Pereira; Ramiro Pinto; Widnaika Vaz Semedo

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