Foto: Amadú Dafé
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Na rua em frente ao recinto do Liceu Dr. Rui Barcelos da Cunha encontramos um pequeno mercado de venda de produtos alimentares e algum material escolar. Este mercado estende-se ao longo de toda a rua, passando junto a outras escolas, como a Salvador Allende, o Liceu Dr. Agostinho Neto e o Liceu Nacional Kwame N’Krumah. Acabamos por encontrar aqui um espaço de convívio, especialmente para os alunos.As mesinhas com comida ocupam o passeio, exibindo pães, sandes com ingredientes de preços variados, donetes e alguma fruta de origem nacional. As arcas térmicas, cheias de água fresca, sorvetes congelados e sumos artificiais, fazem par com as bancadas da comida. A maior parte dos vendedores são mulheres. Exceptuam-se algumas crianças, meninos cujos pais são pobres e menos privilegiados e que suspendem a escola dos filhos para garantir a sobrevivência familiar.Muitos alunos não têm dinheiro para pagar transporte que os traga até à escola, pelo que acabam por fazer grandes caminhadas diárias, debaixo do insuportável sol da Quaresma ou das chuvas que surpreendem pelo caminho. Chegam cansados e esfomeados, dispensando a aula de Educação Física. Apesar do esforço que fazem, falta-lhes formação e bons conselhos, pelo que alguns acabam por ocupar o famoso sombreado frente à escola, passando horas a jogar matraquilhos. Durante o dia inteiro, meninos e meninas perdem tempos lectivos, preferindo os bonecos às aulas. Com as mãos sujas e os punhos cheios de óleo e pó, atravessam a estrada e dirigem-se às vendedoras, pegando na comida sem lavar as mãos. Quando entram nas salas de aula, continuam com as mãos do mesmo jeito. Outros alunos dirigem-se ao famoso passeio da escola já depois das aulas, muitas horas depois de terem saído de casa, e compram tudo o que podem e gostam. O mesmo acontece com alguns professores. É um espaço de convívio para todos. Contudo, esta estrada também tem servido as necessidades dos alunos, professores e transeuntes, pondo em causa a higiene dos alimentos, que ficam às moscas e podem representar um perigo para os consumidores. O sol arde, aquecendo fortemente o solo, o ar, as paredes das salas… o que deixa todos aflitos e a queixarem-se do grande calor. Mas, à saída da escola, vende-se água fresca, refrescos, gelados… que diminuem a temperatura assim que lhes pegamos.
Amadú Dafé
Amadú Dafé
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