terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Dódó das Máscaras



Foto 1: Dódó das Máscaras.
Fotos 2 e 3: Máscaras alusivas ao tema do Carnaval de Bissau 2008: Combate à Droga e à Emigração Clandestina, para a afirmação da Paz e Reconciliação Nacional.

Biografia
Dódó Pereira Tecanhe nasceu em Ziguinchor, no ano de 1972. Aos 5 anos foi para Bolama (Bijagós), onde frequentou o Jardim Infantil. Foi aí que, com os incentivos de um padre, contactou com a arte da escultura e lhe cresceu a vontade de prosseguir esse caminho. Em 1988 foi para Bissau, onde viria a ingressar na Escola Artística, na qual foi discípulo do professor cubano Silvestre Alves. O funcionamento da escola e os estudos foram interrompidos por causa da Guerra Civil de 1998.

A: Que tipo de trabalho faz?
DM: Sou artista plástico e o meu trabalho é a arte da escultura e da pintura. Também organizo actividades ligadas à cultura (espectáculos ao vivo, play-back, passagem de modelos, etc.).

A: Qual é a sua motivação para fazer este trabalho?
DM: É algo que tenho no sangue, é um “dom”, do qual não posso fugir. Estou dependente do meu trabalho artístico. Geralmente a minha motivação são as crianças, porque o meu trabalho é para as crianças. Aliás, como vêem, eu trabalho sempre com as crianças, com a sua liberdade criativa. As crianças têm uma grande capacidade de aprender, por isso prefiro-as como alunos e, para além disso, são elas as herdeiras das máscaras.

A: Que matéria utiliza para fazer as máscaras?
DM: Os materiais são vastos, mas em primeiro lugar preciso de um plano de trabalho, sendo indispensável a resma e o lápis para a execução do desenho das máscaras que vou edificar. Depois de ter o plano de trabalho recorro a materiais diferentes: troncos de papaieira; cartão; papel de sacos de cimento; pedras; latas; lama; paus para segurar as máscaras; preciso também de farinha de trigo para torná-las mais duras; os cornos que servem de dentes nas máscaras; tinta e outros objectos (chifres, contas, etc.) para o embelezamento das máscaras.

A: Quanto tempo demora a fazer cada peça?
DM: Para fazer o trabalho necessito de muito sol e farinha de trigo duro. Quando reúno essas condições, posso terminar uma peça em 24 horas ou um pouco menos.

A: Quais são os apoios que tem a sua obra?
DM: Há apoios, por exemplo, ao nível da divulgação. No dia 31 de Janeiro vou fazer uma exposição e desfile de máscaras da década de 80, intituladas de Vital e N’ghaé, no Centro Cultural Português.

A: Que mensagem pretende transmitir com as máscaras que está a fazer agora?
DM: São máscaras de Carnaval, por isso a mensagem vai de encontro ao lema deste ano: Combater a Droga e a Emigração Clandestina, para a afirmação da Paz e Reconciliação Nacional.

A: Há quanto tempo participa no Carnaval?
DM: Há 14 anos.

A: Que prémios já ganhou? E quais são as perspectivas para este ano?
DM: Já ganhei, em anos anteriores, prémios de 1º, 2º e 3º lugares. Este ano reúno condições para ganhar. Um dos prémios que mais gostei de ganhar, há alguns anos atrás, foi o prémio de uma máscara alusiva ao problema SIDA. Essa máscara foi adquirida pelo Centro Cultural Francês. Mas também já tenho perspectivas de trabalhos para anos posteriores. Para 2010 estou a preparar uma máscara dentro de água.

A: Tchando de Sintra é outro grande artista de máscaras, qual é a sua relação com ele?
DM: Fomos colegas de escola. É o meu irmão de profissão. Há outros artistas de máscaras que eu gostava de ver trabalhar, não só para o Carnaval, mas ao longo de todo o ano. E gostava que dedicassem mais atenção às crianças, que as envolvessem na arte, porque delas vai depender o desenvolvimento da cultura.

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